Depois de um acidente de Mergulho
Depois de um acidente de mergulho, como uma pessoa lida com um dano na coluna vertebral, com sentimentos de tristeza e desespero e encontra esperança?
(por Stacy James,revisado por Natália Póvoas)
Quando estava no último ano da faculdade, sofri um acidente de mergulho que me deixou paralítica do pescoço para baixo. Em um piscar de olhos, meu mundo mudou para sempre. Eu deixei de ser uma aluna extremamente ativa na faculdade e passei a ser alguém que nunca mais faria as coisas que eu adorava: correr, dançar, girar o baton, e tocar piano e guitarra. Eu planejava ser uma missionária e dedicar a minha vida a serviço de Deus. Como Ele pôde deixar que isso acontecesse comigo?
Freqüentemente, estava deitada na cama e chorava, chorava porque estava presa num corpo que não podia mais controlar, chorava porque estava alienada e afastada dos meus amigos, chorava porque achava que os médicos eram obrigados a solucionar o meu problema. Eu ficava irada quando alguns médicos pareciam tão penalizados e preocupados com a minha situação, e envergonhada com os olhares dos outros alunos da faculdade quando eu passava de cadeira de rodas pelo corredor.
Eu havia lido na Bíblia que Deus diz que nunca nos abandonaria, se nos voltássemos para Ele. Mesmo estando desesperada, eu sabia que ainda havia esperança porque Deus me amava e continuava tendo planos para minha vida. Era minha escolha acreditar naquilo e deixar que Ele passasse por aquela situação difícil comigo, ou ficar amargurada e com raiva Dele. Eu escolhi segui-lo, mesmo que os meus sentimentos não concordassem necessariamente com a minha decisão naquele momento.
Geralmente, quando coisas ruins acontecem conosco, ficamos tentados a duvidar do amor de Deus por nós: "Deus, se você me amasse, não me deixaria sofrer assim". Eu aprendi que não podemos deixar que as situações determinem o amor de Deus por nós. "Foi assim que Deus manifestou o seu amor entre nós: enviou o seu Filho Unigênito ao mundo, para que pudéssemos viver por meio dele" (1 João 4; 9). É para isso que devemos olhar quando formos determinar o amor de Deus. Não para nossas bênçãos ou para a ausência delas.
Eu aprendi que o amor não significa ausência de dor ou problemas. Deus freqüentemente usa essas muitas coisas para nos ajudar a amadurecer e crescer. A vida é e continuará a ser difícil. Eu ainda experimento as complicações do meu acidente, e muitas pessoas que amava já partiram. A natureza da vida é uma mistura de coisas boas e ruins. Estou aprendendo a aceitar isso mais e mais enquanto vou vivendo.
Deus também nos dá a liberdade de ficarmos magoados e de chorarmos. Não expressar nossos sentimentos é o mesmo que acumular dor, o que eventualmente resultará em caminhos possivelmente destrutivos. Quando sofremos, precisamos de tempo para passar através da perda ou da crise, para expressar nosso sofrimento da maneira correta. Não temos que fingir que está tudo bem e nem usar máscaras, principalmente com Deus. Ele nos criou e sabe exatamente o que sentimos. Eu ainda levo meus questionamentos e sentimentos a Deus em oração, e para amigos íntimos, quando preciso de alguém com pele.
Deus também promete uma esperança para o futuro. Quanto mais convivo com os problemas da lesão na minha coluna, mais sonho com o dia em que voltarei a andar, quando estiver no céu. Ele criou para nós um lugar onde não haverá mais choro, dor, doença nem morte.
No dia de hoje, não estou amarga por causa as circunstâncias da minha vida. Eu vi a bondade de Deus, me tornei uma pessoa mais forte e, particularmente, eu prefiro estar numa cadeira de rodas, mas conhecer a Deus, do que ser uma atleta profissional multi-milionária, mas ter que passar uma eternidade longe dEle.